Falando por metáforas

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Penny Tompkins

Você já conversou com um aluno e ele disse: "Você sabe, é como ..."? É provável que sim, porque todos nós usamos metáforas para descrever as nossas experiências. Qualquer coisa que ele colocar depois do como "...", será uma metáfora, e terá um significado importante para ele. (nota 1)
Alguns professores desprezam as metáforas dos alunos e as consideram comentários "descartáveis". Mas outros, com habilidades apuradas de rapport, aprenderam a ouvir, com bastante carinho, às metáforas dos seus alunos e por isso eles podem conversar dentro da lógica ou do "contexto" da metáfora.
Esses professores sabem intuitivamente que metáfora não é uma incursão ocasional no mundo da linguagem figurativa, mas a base fundamental para a cognição diária. George Lakoff e Mark Johnson afirmam:
"Em todos os aspectos da vida,...nós definimos a nossa realidade em termos de metáforas e depois agimos com base na metáfora. Nós tiramos conclusões, estabelecemos metas, assumimos compromissos e executamos planos, tudo na base de como nós, em parte, estruturamos a nossa experiência, consciente e inconscientemente, por meio da metáfora". (nota 2)
Perguntas específicas são necessárias para explorar as metáforas do aluno sem introduzir a nossa própria. Essas perguntas, chamadas de Linguagem Clara, são planejadas para respeitar e reconhecer a experiência do aluno ao usar as mesmas palavras dele.
Recentemente eu estava trabalhando com uma aluna que tinha grandes dificuldades tentando descrever porque tomar decisões era um problema para ela.
"E tomar decisão é como o que?" perguntei.
Ela pensou um pouco e respondeu:
"Você sabe, é como ir ao dentista. Eu estou na sala de espera e estou morrendo de medo de entrar".
Com essa descrição muito rica da experiência dela, eu simplesmente respondi:
"E quando você está na sala de espera do dentista, tem mais alguma coisa junto com o morrendo de medo de entrar?" (cuidado para usar as mesmas palavras dela).
Eu podia dizer que ela estava totalmente dentro da metáfora dela pelo tempo que levou para responder:
"Eu realmente preciso de coragem".
"E de que tipo é essa coragem?" foi a minha próxima pergunta.
"Uma coragem que vai me ajudar a entrar, ao invés de demorar ainda mais."
"E quanto à coragem que irá ajudá-la a entrar, onde está essa coragem?"
Ela tocou o peito com a mão direita e disse:
"Aqui dentro".
"E onde fica esta coragem dentro de você?"
"No meu coração".
Eu continuei fazendo perguntas com a Linguagem Clara sobre a metáfora dela, porque assim ela podia desenvolver mais o seu recurso da coragem. No final do tempo que passamos juntas, ela disse: "Se quando começamos, você tivesse me feito um comentário que "indo ao dentista" poderia ligar tão diretamente com a minha tomada de decisão, eu não teria acreditado. De fato, você não ia conseguir me dizer, eu tinha que experimentar sozinha."
Nos exemplos acima, eu usei cinco das nove perguntas básicas da Linguagem Clara:
"E ... é como o que?"
"E quando ... tem alguma coisa mais por lá...?"
"E que tipo de ... é essa...?"
"E quando ... onde está isso...?"
"E aonde ...?"
Conversar dentro da metáfora do aluno é o equivalente físico simbólico do acompanhar e espelhar – exceto que mostra o aluno num nível mais elevado. Ao invés de reconhecer como eles se movem no mundo, você está reconhecendo como eles dão sentido à sua experiência. Tente e veja você mesmo.
Notas:
1. Uma comparação é apenas uma metáfora que é rotulada de metáfora – por exemplo usando "como".
2. Lakoff and Johnson, Metáforas da Vida Cotidiana.
3. Para as demais perguntas, veja os outros artigos nesse site sobre Modelagem Simbólica e a Linguagem Clara de David Grove
Penny Tompkins é psicoterapeuta de PNL e Trainer de PNL Certificado. Ela é co-autora do Metaphors in Mind: transformation through Symbolic Modelling.
Artigo publicado sob título Conversing with Metaphor no New Learning - The Journal of the NLP Education Network – primavera de 2001 e no site www.cleanlanguage.co.uk
Tradução JVF, direitos da tradução reservados.
Estamos utilizando as mudanças ortográficas nos artigos novos.

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É da máxima importância reconhecer e estimular todas as variadas inteligências humanas e todas as combinações de inteligências. Nós somos todos tão diferentes, em grande parte, porque possuímos diferentes combinações de inteligências. Se reconhecermos isso, penso que teremos pelo menos uma chance melhor de lidar adequadamente com os muitos problemas que enfrentamos neste mundo. Howard Gardner (1987)

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